Tive tempo para fazer uma retrospectiva de muitas coisas da minha vida. Após um curto e rápido balanço, concluí que, tendo perdido o meu pai há trinta e tantos anos e a minha mãe há quase vinte, e apesar de eles terem tido um papel pouco significativo na minha adolescência, por motivo de uma guerra que embora tenha chegado a todos, chegou com muito mais intensidade aos mais desprotegidos, e talvez pelos maus tratos a que fui muitas vezes submetido, os meus pais foram sempre a minha referência principal. Mercê de tudo isso olhei atentamente para traz e o que vi eu? Vi que não sou mais nem menos do que o irmão mais velho de uma irmandade de cinco, apesar de de a morte não escolher idades, assim se diz também se diz que quem escapa de novo, de velho não tem saída possível. Porque tive sempre o defeito ou virtude de considerar que o que tem que ser feito é inadiável, apenas pode e deve ser objecto de prioridades, daí ter chegado agora a altura de fazer o balanço da minha vida. O que fiz o que gostava de ter feito, o que ainda posso fazer e o que não vale mais a pena sonhar, os bons e os maus bocados que passei e porquê, o que me deixa prazer ter feito e o que me deixa saudades ter ou não feito. Balanço final: Vou sentir muita pena de um punhado de amigos, uns virtuais outros virtuais e reais e outros só reais. Mas Também sei que o que me está a preocupar, é exactamente o que sempre preocupou as outras pessoas e é o que vai preocupar os que ainda não pensam nestas coisas. Resta-me por isso procurar forças para ultrapassar da melhor forma, mais este obstáculo. A nossa vida é um túnel no qual entramos à hora de nascer, e no qual vamos aprender a andar, mas esse túnel não tem saída e na medida em que vamos chegando ao fundo, porque não temos saída nem volta a traz só temos que nos submeter ao imperativo do destino. Vou ver se me preparo para abrir os meus braços à morte como se ela fosse a minha melhor amante, procurando esquecer tudo o resto que fica para traz ou para alem do amor. Que vamos fazer, eu e ela.
SONHO DOURADO II
CONTINUAÇÃO
Impossível: tudo me era vedado, por isso foi muito bom ter sonhado. Só assim eu te pude ter e contemplar, ter a ilusão de te amar e de ser por ti amado. Fiquei de tal modo emocionado com o teu esplendor e o teu inegável encanto e essa beleza tua, que quando te vi toda nua e senti o teu calor, fiquei extasiado de espanto. Não fiques envergonhada ou a pensar, que se perdeu o encanto, ou a alegria, porque eu continuo a amar-te sempre, e tanto com no primeiro dia, e com a mesma força e alegria. Por ti terei sempre cada vez mais carinho para mim tu serás sempre a rainha, a mais bela e a mais pura. Amar-te-ei mais ainda se vieres na noite escura. Tu sabes que és detentora de tudo o que é segredo, de noite tu és sempre a mais respeitada, ninguém ousa perguntar-te nada, todos sabem que tu não és traidora, o teu fim é apenas o de contemplar, não vês em nada nenhum mal, mostras-te e deixas-te amar. E continuas sempre igual, manténs sempre a mesma indiferença, Na tua observação incessante, és a cúmplice, a companheira mesmo que distante. Calas o segredo do ladrão, do assassino e do amante, manténs sempre a mesma ternura, mesmo se alguém te censura, mas estás sempre vigilante. Do alto do teu pedestal, controlas a natureza, com toda a tua nobreza, dás luz para toda a rua, não usas manto real, mas todo o mundo te obedece, nada nasce e nada cresce, sem ajuda de sua alteza. A LUA. *
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SONHO ACORDADO I
Tantas noites sonhei contigo, sempre o mesmo sonho embriagante. E nesses sonhos fui teu companheiro, fui teu amigo, fui teu amante. Fui por ti banhado, fui abraçado e beijado, foi em sonho é verdade. Mas foi um sonho conseguido e vivido, mais ainda que se fosse pura realidade. Fui por ti enleado, nossos corpos quais laços apertados tanta ternura e amor, tanta sensualidade, que se tivesse sido verdade, não teria mais esplendor. Ó meu Deus como foi bom, ter-te amado a sonhar, só em sonho eu tive o dom de assim te poder amar. Ó! Como fomos felizes por instantes, como foi bela esta fantasia, só em sonho nós podia-mos ser amantes, só em sonho isso podia existir algum dia. Como foi bom eu ter sonhado, ter-te tido e ter-te amado, por tanto em ti ter pensado, sempre que te via da janela ou de qualquer outro lado, quanta distancia se entrepunha, mas Deus foi sempre testemunha, que eu sempre te quis amar, conhecer e beijar. Tantas coisas que eu tentava inventar, para ver se mais perto de ti conseguia estar, mas tudo em vão, e o meu pobre coração sempre a palpitar. À! Como eu me irritava, quando de ti se falava, e eu sem poder beijar-te, abraçar-te, penetrar nas tuas entranhas, conhecer-te de corpo inteiro, poder ver de perto esses teus montes, ter a ilusão de ser o alvo da tua contemplação e eu assim fui sempre continuando a sofrer.
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