RECADO DE UM PAI. 4ª Paginas de 5
Nunca sejas vaidoso meu filho, porque a vaidade ridiculariza-nos. Sê sempre orgulhoso (no bom sentido claro) o orgulho mantém-nos o aprumo de homens íntegros. Que nobilíssimo orgulha te preserve sempre de te sentires inferior, aos teus iguais na tua esfera, profissional e social. Se um dia fores inesperadamente catapultado para uma posição profissional ou social superior, Não primatas que a vaidade te corrompa. Toma nota, que os recém-enriquecidos, e os transplantados de fresco de onde foram nados e criados, para canteiros mais eminentes, ressentindo-se da muda, têm tendência a descambar na vaidade. O que nos valoriza não são as lantejoulas do traje, nem os emblemas do espírito; não são as farfalhudas gabarolices nem as ostentações tantas vezes parolinhas. O prestígio derrama-se no espesso e infiltra-se no tempo, Só vale o prestígio conquistado pelo trabalho, e conservado pela honradez. Fruto sazonal e premio tardio que a perseverança concede aos mártires de uma ideia, e de um sentimento. A vaidade é a expressão dos primeiros abalos pela adaptação a novos meios. Sê sempre lutador acérrimo contra esses abalos, fazendo essa adaptação através de uma evolução constante, sólida e programada. A vaidade é uma hipertrofia do nosso (EU) a evidenciar-se em um escaparate de feira ao ar livre, para atrair as atenções de quem passa; é como a charanga da propaganda. Olha meu filho se me conhecestes de perto dirás e com razão que esta não foi exactamente a linha pela qual eu me pautei e essa é a razão que me levou a escrever-te esta carta, que o meu pai na pessoa dos meus antepassados não me escreveu.