Segunda-feira, 1 de Dezembro de 2008
EU FIFI
Mas sempre pensando, nas palavras da cabeleireira. Veja só como está linda para fazer o encanto do seu pretendente. Eu não quero fazer o encanto de nenhum gato que eu não tenha escolhido de minha livre e espontânea vontade. Para desgosto Bastou-me uma vez nunca mais ninguém me vai conseguir enganar metendo-me num buraco sem saída, à mercê de um qualquer vagabundo que se queira aproveitar da minha situação de prisioneira dele. Ao chegarmos a casa a Mme. Cacharel notou que eu não estava nos meus dias, e perguntou à Alda: O que se passa com a fifi? Não me agrada a sua expressão. Eu fui logo para junto das pernas da Alda e comecei a acossar-me a ela e a miar muito baixinho, ela perguntou-me o que é fifi, você tem saudades da Albertine? E eu empinei-me a ela muito alegremente, e Ela disse: Para mim. No Domingo a Albertine vai estar cá a visitar você. Eu. Pulei de contente, não para lhe mostrar o meu contentamento mas porque era tudo o que eu mais queria era ver a Alvertine. Agora a minha vida parece que finalmente começa a correr bem. Eu já não vejo chegado o dia de Domingo Não para ver o tal gatão famoso de que tanto se tem falado, mas para ver a minha amiga Alvertine. No Sábado, logo de manhã bem cedo, fui-me esgueirando até que consegui abeirar-me da cerca da que rodeia a mansão dos Cacharel, para ver se via o meu querido rafeiro, que não me saía do pensamento. Fui, fui de vagarzinho, até que cheguei pertinho da rede, e, qual foi o meu espanto quando vejo o meu amigo de quem eu ainda não sabia o nome, sentado no lado de fora da rede a espreitar a ver se me via.
Sábado, 29 de Novembro de 2008
EU FIFI.
A Alda entrou comigo ao colo para o carro e a Mme. Cacharel disse para o motorista. Vamos Sr. Michel. Ao chegarmos ao salão de alta-roda para gatos, eu fiquei abismada, com tanto luxo. Veio logo uma Mme. E disse esta é que é a famosa lady fifi? É esta mesma Rosy. Ai mas ela é uma Estrela, que beleza. Então o que é que a Mme. Quer fazer à menina É só pentear e colorar, cortar não. E que cor ou cores é que quer? – É assim este penteado é para a fifi ser apresentada a um suposto pretendente. ! A. Já sei mais ou menos. Já lhe mostro as opções que tenho. – Eu só quero ela, uma autentica Lady. – Com certeza. Mme. Cacharel! Veja aqui. – A A A! Este aqui parece-me bem o que acha? – É muito fino. Pois fica esse. Puseram-me sobre uma mesinha redonda e rotativa, que eu nem sonhava que existisse. Toda eu era carinhos, minha fofinha para aqui, minha fofinha para ali, eu sentia-me uma rainha. Depois de colorada e penteada, a cabeleireira mostrou-me a minha silhueta num espelho redondo que me pôs à minha frente, eu dei um pulo de espanto, porque não me reconheci e tive muito medo. A cabeleireira acalmou-me dizendo não se assuste minha linda porque não há motivo para isso, veja só como está linda para fazer o encanto do seu pretendente. Quando me reconheci, fiquei muito vaidosa mesmo. Estava uma autentica donsela. Eu estava mesmo um espanto. A Alda pegou-me ao colo e dirigiu-se para o carro, onde o Michel nos esperava.
Terça-feira, 25 de Novembro de 2008
EU FIFI
E a Sra. O que fez? Indagou a Alda que é a criada de fora. Disse á fifi que ela é uma lady e não pode travar-se de amores com um rafeiro. Mas ele até é bonito! Não ponho isso em causa, mas não é um persa. E eu para a fifi quero um puro-sangue Persa, eu já falei com uma amiga minha que tem um Persa que é uma estrela, e ela não se importa de um dia o apresentar á fifi.
Estou a pensar em lhe telefonar para marcarmos o encontro, mas para isso ainda tenho que levar a fifi ao cabeleireiro, para fazer um lindo penteado e colorar o cabelo para que o Loyd goste dela e veja que ela é uma lady. Mas primeiro vou telefonar à mme. Alpaca. Enquanto a Mme. Cacharel decidia sobre o meu destino, eu ouvia muito caladinha mas algo alegre, porque tudo o que a Mme. Cacharel queria fazer de mim me agradava, afinal eu queria mesmo ser uma lady. Menina Alda! Já falei com a minha amiga Alpaca, ficou assente que as apresentações serão no Domingo aqui no nosso jardim. Também já falei com a cabeleireira e a fifi vai fazer a sua nova silhueta, na sexta-feira-feira, de manhã. E diz a Alda isso é muito bom, porque assim no Domingo ainda a fifi está muito bonita, para o Loyd, porque ainda não estragou o penteado. E como é que a Mme. Está a pensar mandar fazer a coloração? Eu depois falo com a cabeleireira, conto-lhe qual é o objectivo e ela dá-me uma opinião. Mas a Mme. Não vai sozinha com a fifi à cabeleireira, pois não? Não Alda, você como de costume acompanha-me sempre. Que bom Mme.
Domingo, 23 de Novembro de 2008
EU FIFI
Estava eu muito distraída a brincar com ele, quando vejo um F 40 a parar junto do portão, era a Mme. Cacharel que parou para a empregada ir abrir o portão. Eu que sabia o carinho que ela tinha por mim, dei um mio mais alto que o normal para chamar a atenção da Esmeralda que logo me viu e disse: Mme. Está aqui a fifi. E eu fiz de conta que estava distraída com o meu gatão. A Mme. Entrou com o carro e enquanto a Esmeralda fechava o portão ela fez questão de sair do carro e foi fazer-me uma festinha. Foi então que ela reparou no meu pretendente e disse: O minha fifiazinha você anda de amores com esse mariola? Não minha lady você não pode misturar o seu sangue puro com o sangue desse rafeiró-te, que embora seja bem bonito, mas não é um Persa. E eu tentei dizer-lhe que gostava muito dele, e ela percebeu que eu o queria, ela disse-me: Pois é mas tem que entender que ele é só um rafeiro. Eu com alguma tristeza, também fiz questão de mostrar que percebi o que ela me disse e com um mio de tristeza e sem me despedir do meu eleito corri dei um salto para dentro do carro e a Mme. Achou tanta graça que desatou a rir entrou no carro fechou a porta e arrancou em direcção a casa. Ao chegar a casa mandou chamar toda a criadagem para dar a novidade. Então vocês sabem o que eu e a Esmeralda vimos? A lady fifi junto do portão de conversa com um gato rafeiro que de vez enquando ronda por aqui. Estavam de amores um pelo outro.
Sexta-feira, 21 de Novembro de 2008
EU FIFI
Abeiramo-nos da rede eu e ele eu do lado de dentro, e ele do lado de fora. Como eu não sabia quanto tempo a Mme. Cacharel ia demorar, pensei: Vou-me abeirando do portão e ao mesmo tempo ver se ele me segue, se de facto ele estiver interessado em mim, de certo que me vai seguir. Nós as gatas, temos um sétimo sentido para estudar os nossos pretendentes, eu tenho aprendido à minha custa, porque por meu mal não tive a sorte de ter uma mãe que me ensinasse, porque teve a infelicidade de morrer era eu bebé, também não sei muito porque a minha experiência de namoro também é muito parca, porque, ainda sou muito nova, apesar de já ter sofrido bastante. Ao abeirarmo-nos, um do outro eu dei um mio muito terno e ele respondeu com um mio de apaixonado, eu dei outro mio e comecei a andar em direcção ao portão. Ele ao ver-me afastar-me, ficou sentado e a anafar os bigodes com a pata e com a língua, eu olhei para a língua dele e parecia mesmo uma enguia a deslizar pelos bigodes dele.
Enquanto ele acabava de se anafar, eu sentei-me um pouquinho a ver se ele me seguia, e ele lá foi indo na minha direcção até que ficou juntinho de mim, como que para me mostrar os seus belos e farfalhudos bigodes. Aí trocamos umas lambidelas, pelo buraquinho da rede, e de seguida eu andei mais um bocado. Como ele arrancasse logo a traz de mim, já não parei senão junto do portão. Então aí comesse mos a acariciarmo-nos um ao outro, e ele pedia-me que virasse o meu traseiro para ele ver, mas eu fiz-me desentendida embora não me faltasse vontade tinha que manter a decência e compostura de uma gata que se presa.
Quarta-feira, 19 de Novembro de 2008
EU FIFI
Eu não sei a que estirpe ele pertence, tenho medo que não seja o príncipe que a Mme. Sonha para mim. Mas eu confesso que comecei logo a imaginar-me, vestida de noiva, acabadinha de dar o nó com o meu príncipe encantado. Ele ao ver que eu me aproximava dele deu um mio muito apaixonante, também ele se agradou de mim, mas não podia chegar junto de mim porque todo o recinto estava vedado, com uma rede miudinha que nem um ratito passava. Mas mesmo assim conseguimo-nos cheirar um ao outro, eu nunca tinha sentido um cheiro tão cativante como aquele. Ao afastar-me dele disse-lhe se aqui veres amanhã a esta hora eu estou aqui para nos vermos. Fui continuando com a minha volta mas já não fui capás de me concentrar em mais nada, que não fosse aquele lindo gato. E se ele é algum vadio, ou de alguma raça rasca? Comecei logo a pensar na maneira de a Mme. Cacharel me ver de olho nele, assim logo via como é que ela reagia ao nosso hipotético namoro. Se ela o aprovava ou se ele era algum vagabundo e eu tinha que pensar em esquece-lo. No dia seguinte eu não via chegada a hora de ir ver o meu amigo gato, e enquanto isso ia pensando na forma de a Mme. Me poder ver com ele. Andava eu a pensar nisto enquanto passeava, eis senão quando vejo a Mme. A sair de carro, devia ir às compras. Mal ela saiu o portão, fui logo sondar o terreno na mira de poder levar o gato, quando ele aparecesse, para perto do portão para sermos vistos por quem entra e quem sai da mansão. Entretanto o meu eleito apareceu, vi logo que também ele, tal como eu não via chegada a hora de nos encontrar-mos.
Segunda-feira, 17 de Novembro de 2008
EU FIFI
Olha minha querida fifi. Eu quero arranjar-te um marido sim. Mas primeiro tem que ser baptizada porque eu quero que você seja uma Cacharel. Lady Cacharel, depois então vou arranjar para você um persa muito belo para se casar com a lady Cacharel. Depois vocês vão ter filhinhos e vão ser muito felizes juntos. Mas que falta me fás a Minha grande amiga Albertine, para lhe explicar o meu passado triste com um gato mal formado e bruto, e p que eu sofri com um aborto provocado por maus-tratos, sim porque a Mme. Albertine, já sabia o que eu queria dizer só de olhar para ela, e para além do mais viveu comigo todas as minhas dores de corpo e de alma. A Mme. Cacharel, é muito amável comigo, e delicada, mas tem um senão, não conhece o meu passado recente. A minha esperança é que um dia a saudade bata no coração da Albertine, e ela resolva vir-me visitar, sim porque ela deve saber onde eu estou. É que se ela me viesse ver, para além de matar saudades dela, aproveitava para lhe dizer que contasse a minha história toda à Mme. Cacharel, e assim ela saberia melhor como fazer em relação ao meu futuro noivo. E aí quem sabe ela me ia explicar tudo o que eu queria saber, mas que nunca ninguém me explicou, seria a minha falecida mãe, mas a morte levou-a antes de eu ter a idade para ela me explicar. Bom, mas não vou agora ficar aqui a chorar o leite derramado, vou dar uma volta ao jardim familiarizar-me com as redondezas da casa. Ao chegar perto do portão de entrada, vi um gato, que fez o meu coração bater com força. Mas não foi de medo, foi de …. Não sei explicar, mas parecia amor, ele era tão bonito e tinha um olhar tão meigo que eu fiquei, … provavelmente apaixonada. Era muito grande, mas não me inspirou medo antes pelo contrário, inspirou-me confiança e segurança, foi uma sensação que eu ainda não sei bem o que significa, mas é algo de muito bom.