A CIGANA LEU-ME SINA
Em 1936, a meio do mês mais florido,
Veio ao mundo um individuo,
Por má fada apadrinhado,
E para cumprir o seu fado,
Toda a vida tem sofrido.
Não foi bebé nem menino,
Antes ou depois de nado,
E sem festa lhe terem dado,
Nem no mês mais florido.
Seria melhor não ter nascido,
Assim não haveria morte,
Quando com tão má sorte,
Vem ao mundo um indivíduo.
Para quem não se sentiu amado
Ao longo de toda a vida,
Tem como dor mais sentida,
O facto de ter nascido,
Por má fada apadrinhado.
Foi garoto mal tratado,
Por gente… desconhecida,
E assim começou a vida,
Para cumprir o seu fado.
E sempre assim tem vivido,
A vida que lhe foi madrasta,
Neste mundo onde se arrasta,
E toda a vida tem sofrido.
Neste mundo conheceu de tudo,
Desde o frio até à fome,
E tem uma dor que o consome,
Que já lhe vem desde miúdo.
Quem toda a vida sonhou,
Com o amor sem fronteiras,
Vivido de todas as maneiras,
Mas a sorte lho recusou.
O amor pela natureza,
Pela vida e as coisas belas,
Nunca passou de escapadelas,
De que só ficou a incerteza.
Enfim… nasceu de cara prá lua,
Acha-a admirável e bela,
Mas ela seria mais sua (amiga)
Se nascesse de cu virado para ela.
( Já o ditado diz, quando se tem sorte na vida, nasceu de cu virado Para a lua)
Viveu muitas horas pungentes,
Sempre com esperança no outro dia,
Eu não sei o que ele faria,
Para conseguir um dia,
Mudar o rumo ás correntes, ( da vida )
Por tanto ser infeliz,
Quantas vezes terá pensado,
Que vendia a alma ao diabo,
Por um resto de vida mais feliz.
Um homem em vida se enterra,
Com tantos tormentos passados,
Porque o dono desta terra,
Tem filhos e enteados.
Quando se tem poder infinito,
E se quer o bem de toda a gente,
Depois se dá sorte diferente,
Desculpem, eu não acredito.
Só o facto de termos nascido,
Sem pedir p´ra vir ao mundo,
Já é motivo profundo,
Para se ser protegido.
Sou contra legal exploração,
E contra os Deuses que castigam,
E que a tudo nos obrigam,
Em nome da salvação.
Autor Eduardo Gonçalves.
( fisga )