Traquinices. De miúdos.
Na minha primeira ida à vila. Fui comprar gasolina para o motor de rega. No regresso da vila encontrei-me com amigos + ou – da minha idade que andavam a jogar a bola debaixo de um sol abrasador, parei a olhar como eles jogavam. Convidaram-me e eu fui jogar abandonando o garrafão ao sol que passado pouco tempo com o calor ganhou pressão e a rolha saltou fora e a gasolina começou a ferver e a sair para fora só parou de sair quando mais de metade se tinha perdido. E eu só me lembrei que tinha cerca de 10 quilómetros para andar quando já mal conseguíamos ver a bola. Quando ficou escuro como não havia luar perdi-me, sai do caminho e a alternativa foi deitar-me no chão e dormir e esperar que nascesse o novo dia. Mal o dia clareou meti-me ao caminho, ao chegar a casa tomei conhecimento que os meus pais andaram a noite toda a me procurar cada um chorava para seu lado, eu também assustado com o cenário, misturei meia verdade com meia mentira, e disse que fiquei a jogar à bola e quando já era tarde e ao tentar ir de pressa para casa veio uma bruxa e levou-me para sitio desconhecido. O meu pai perguntou: E a gasolina que falta no garrafão? Foi a bruxa que a bebeu para ter mais força. Então e a bruxa fez-te mal? Não eu até que gostei de voar com ela, e para onde ela te levou? Só sei que me levou para as bruxas amigas dela brincarem comigo e depois ela veio por-me outra vez no caminho de casa. Traquinices que os nossos pais nos toleram, quantas vezes de mau grado, mas é ara que nós as toleramos mais tarde aos nossos filhos.